“Senhor, compadece-te do meu filho, pois tem sofrido horrivelmente
com ataques epiléticos. Muitas vezes cai no fogo, e outras tantas,
na água. Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não conseguiram
curá-lo”.
Então
Jesus exclamou: “Ó geração sem fé e perversa! Até quando estarei
convosco? Até quando vos terei de suportar? Trazei-me aqui o
menino”. E Jesus repreendeu o demônio; este saiu do menino, que
daquele momento em diante ficou são.
Então
os discípulos chegaram-se a Jesus e, em particular, lhe perguntaram:
“Por qual motivo não nos foi possível expulsá-lo?” E Ele respondeu:
“Por causa da pequenez da vossa fé. Pois com toda a certeza vos
afirmo que, se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis
a este monte: ‘Passa daqui para acolá’, e ele passará. E nada vos
será impossível!
Contudo, essa espécie (de demônios) só se expele por meio de oração
e jejum”.
O homem está sempre com a
cabeça quente, o estômago cheio e os pés frios,
quando deveria
estar sempre com a cabeça fresca, o estômago vazio e os pés
quentes.
ALGUMAS RECOMENDAÇÕES
RELACIONADAS AO JEJUM
a - Não jejue se:
. Estiver grávida ou amamentando.
. Tiver um problemas de saúde, físico ou mental, (consulte seu
médico antes de jejuar por mais de três dias).
. Vier a sentir-se aturdido ou desorientado ou ficar doente
durante o jejum, pare imediatamente e gradualmente reinicie com
os alimentos mais sólidos, dê preferência aos vegetais.
b - Para ajudar a
eliminação de toxinas através da pele, escove a sua pele
com uma escova seca de cerdas naturais. Isto removerá toxinas e
células mortas da pele que entopem os poros. A escovação também
aumenta a ação do sistema linfático, que carrega detritos das
células para o sangue. O sangue então entrega os resíduos aos
rins, onde são convertidos em urina.
c - Para aumentar a eliminação das toxinas pelos pulmões,
respire profunda e ritmicamente, de preferência ar fresco ao ar
livre, e sob a luz do sol.
d - Para auxiliar os rins, beba chá de calêndula ou
chá de folha de dente-de-leão.
e - Evite exercícios
pesados, dê a preferência para caminhadas, sauna ou
banho de vapor uma vez ao dia por quinze a vinte minutos, isso
estimulará a mente e purificará o corpo.
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UM JEJUM RACIONAL - por
Serena Harris
1 - NÃO DESJEJUAR
É sabido que
durante a noite, depois de feita a digestão da última refeição,
o organismo inicia um processo de eliminação dos venenos e
toxinas. Assim,
prosseguir sem comer pela manhã, contribuirá para essa limpeza.
Ao levantar
tomaremos chá sem açúcar, limonada com mel, laranjada pura, água
pura, ou uma fruta de suco (abacaxi, laranja, uva, pêra, mamão,
melancia, melão, etc.) e nada mais! Nada sólido.
O efeito é:
permitimos ao corpo jogar as toxinas alimentares pela pele e
pelos rins, durante mais algum tempo, pois a noite toda o corpo
esteve nesse esforço de descarregar o entulho do fígado e dos
órgãos em geral.
Muitas
doenças crônicas saram só com este modo suave de jejum. O
correto
para ficar livre das doenças teria sido:
NÃO COMER COISAS IMPRÓPRIAS PARA NÃO TER QUE ELIMINÁ-LAS.
No almoço,
prefira frutas, verduras e legumes, e de a preferência para
alimentos crus, em forma de saladas.
Você
começará a sentir-se leve, sem aquela sensação de cansaço, pois
o corpo estará assimilando os alimentos sem precisar se
desgastar com a digestão de comidas pesadas e difíceis
(anti-naturais) para o organismo.
2 - JEJUM DE 18 HORAS
Este jejum
abrange o sistema rigoroso do relógio - comemos a última
refeição digamos às 18 horas. Vamos dormir, em nosso horário
normal. De manhã não desjejuamos e se possível nem usamos frutas
sucosas nesse horário, ficando com um copo de água.
Só voltamos
a comer às 12 horas (meio dia) do dia seguinte, totalizando 18
horas sem ingerir alimento. Isso feito sucessivamente por
períodos de sete dias nos dará um ritmo de limpeza sistemática
do corpo que nos restaurará forças, energias nervosas, e
clareará a mente, retirando algumas gorduras excessivas, etc.
Este jejum é
próprio para limpeza de fígado, devendo ser feito em conjunto
com ervas amargas, verduras de folhas amargas, mas
suspendendo os alimentos gordurosos, as carnes, o leite,
ovos e produtos derivados destes; o açúcar de cana, bebidas
destiladas ou fermentadas, produtos enlatados, sintéticos,
químicos e artificiais, conservas, etc.
Lembremos
que o sono e todos os estados de sonolência são reflexos
cerebrais produzidos pela sobrecarga do laboratório armazém do
corpo que precisa desligar outros circuitos de energia para usar
a carga total no seu processamento de coleta, seleção e
eliminação de venenos alimentares.
Ao fazer
este jejum por sete dias ou mais, como já dissemos, veremos
subir todas nossas capacidades, inclusive com redução das
necessidades de sono para uma ou duas horas a menos, do que
estávamos acostumados. Não considere isso como insônia...
Se prolongarmos o jejum das 18 até às 18 horas do dia seguinte,
à base de água, teremos os efeitos do jejum de 18 horas em
dobro, agora fortalecendo o pâncreas, o baço, o estômago (que
ganham férias...), o rim (embora trabalhe com sobrecarga no
começo) e o cérebro e sistema nervoso em geral, que se libertam
de excitações e entorpecimentos alimentares.
3 - JEJUM DE 24 HORAS
Este jejum é
catalogado como regime alimentar de uma refeição única por dia,
a do anoitecer.
4 -
JEJUM DE 2, 3 ou 4 DIAS.
Ao passar das 24 horas sem ingerir alimento (seja com sucos
diluídos de uma fruta só, seja só a água) entramos realmente em
sistema de jejum.
O jejum de
24 horas é na realidade um sistema de cura leve, reforço da
vontade, treinamento do tubo digestivo, que melhor pode ser
aproveitado para diagnosticar nossas enfermidades crônicas e
latentes, indicando qual o ponto do corpo que apresenta
entupimentos, quais os
venenos que temos que eliminar, e que volume deles existe no
corpo.
Para isto
basta observar onde dói, a espessura da urina, a cor e cheiro do
saburro da língua, os gostos estranhos que vêm ao paladar, as
acelerações cardíacas, sudoreses, quedas de pressão e
temperatura, etc.
Os médicos
antigos sabiam disso e acertavam mais...
De dois dias
de jejum para frente, é que se obtém a melhor retificação de
diagnóstico possível, e daí em diante, os jejuns são realmente
curativos e se obtém os resultados palpáveis.
Jejuns com
menos de 48 horas são feitos para treinamento e para diagnóstico
dos pontos fracos de nossa saúde, ou para desintoxicações
parciais e tratamentos leves e lentos.
Se queremos
efeitos curativos, devemos preparar jejuns de 2, 3 e 4 dias, como
escalada no caminho da saúde e repetir o processo mais de uma
vez, até estar com experiência para jejuns mais longos que
estes.
Os
efeitos deste jejum mais longo são variadíssimos.
- Obtemos cura de doenças crônicas como: enxaquecas,
sinusites, gripes, disenterias, alergias, furúnculos;
- obtemos cicatrização de feridas;
- adquirimos mais clareza mental;
- conseguimos um melhor funcionamento dos órgãos corporais em
geral;
- livramo-nos de infecções e viroses;
- melhoramos a agilidade física;
- recuperação de arteriosclerose e afecções de coronárias;
- detemos a queda dos cabelos;
- regredimos neoplasias;
- controlamos obesidades;
- regularizamos distúrbios metabólicos, gástricos, renais,
glandulares, etc.
- obtemos dissolução de pedras de vesículas, rins e bexiga;
- acabamos com cirroses, bronquites, asma, taquicardia, etc.
Durante o jejum, deve-se ingerir água que seja de fonte, o mais
natural possível. O jejum é uma cirurgia natural e fica mais
suave se tomarmos mel, laranjada, limonada, usando se necessário
para adoçar, produtos que sejam naturais.
A maioria
das enfermidades são a consequência de hábitos de comer equivocados, de alimentos erroneamente combinados, de alimentos acidulosos e de preparações comerciais de nossa atual
civilização.
O homem é o
ser vivente mais doente da terra; nenhum outro violou as leis da
natureza tanto como o Homem; nenhum animal come tão erroneamente
como o Homem.
Serena Harris
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RECOMPENSAS FÍSICAS E ESPIRITUAIS DO
JEJUM -
por Paramahansa Yogananda
São maravilhosos os resultados
físicos e as experiências espirituais do jejum.
O espírito interior desliga-se
das exigências do corpo, à medida que o próprio corpo vai se
livrando dos hábitos grosseiros.
Acabo de passar o trigésimo
dia de regime e jejum (30 dias), e me parece tão natural como se
eu nunca houvesse me alimentado. Os que estiverem em condições
deveriam fazer um jejum de três dias; se possível, um mais
prolongado. Começariam a descobrir que podem viver sem alimento.
Mal-estar ou dores no corpo
indicam que há algo errado em seu funcionamento; reparos são
necessários. Considere o zelo com que mantém seu carro limpo e em
bom estado. Muito mais complexo do que qualquer automóvel é o corpo
humano, e o Senhor deseja que você, embora dependendo mais D'Ele,
também mantenha o corpo limpo e em bom funcionamento. O segredo da
boa saúde não está só nas substâncias químicas; é preciso confiar
ainda mais na energia interna de Deus.
A força vital em nossos corpos é,
na verdade, a fonte da vida. É um poder consciente: criador dos
órgãos e também provedor de sua vitalidade. Em geral, a força vital
é continuamente fortalecida pelo alimento e pelo poder mental,
todavia, se houver sido erroneamente usada, desiste e recusa-se a
continuar trabalhando.
Por exemplo: seu poder pode
diminuir nos olhos, e então você não conseguirá enxergar bem. Nenhum
alimento dá vigor, nenhuma mudança de ar fortifica e nada pode
restaurar a energia do corpo, quando sua força vital começa a
diminuir.
O jejum dá repouso aos órgãos
sobrecarregados, á maquina corporal, e também a própria força vital,
aliviando-a do trabalho excessivo.
Quando você desobriga a força
vital de depender de fontes externas para existir - comida, água,
oxigênio, luz solar - ela se torna auto-suficiente,
independente.
Comer demais, 365 dias por ano,
gera uma grande variedade de doenças. Uma rotina inalterável nas
refeições, quer o organismo realmente necessite alimento, quer não,
é também uma maldição para o corpo. Quanto mais você se concentrar
no paladar, mais enfermidades terá.
Está certo saborear a comida,
mas ser seu escravo é arruinar a sua vida. Por que deixar que a
natureza o prejudique? A natureza não pode puni-lo, se você não for
apegado ao corpo nem escravizado pelo alimento. Você precisa
reconhecer que é a força vital que sustenta o corpo.
Sem ser fanático, dê maior
ênfase à mente, visando tornar seu poder cada vez mais confiável. Se
insistir em torná-la escrava do corpo, a mente se vingará.
Renunciará ao poder que tem, fazendo com que você passe a depender
de alguém ou de algo para ajudá-lo.
Nenhum médico e nenhum remédio
adiantarão, se a mente do paciente estiver fraca, ao ponto de a
doença se tornar crônica. Três quartos da cura dependem da mente. Na
Índia, ensinamos a dominar o corpo para que se possa dispor de maior
força mental.
Quem está sempre recorrendo a
meios físicos para garantir saúde e cura, sempre dependerá deles. O
poder mental é superior. Devemos gradualmente aprender a usar mais a
mente. Agindo assim, compreenderemos que é um instrumento magnífico.
O que você ordenar, a mente fará. Foi o que vi
em minha própria vida !
Certo dia, quando eu fazia uma
palestra em Milwaukee USA, fazia um calor terrível; o suor escorria
pelo meu rosto e eu não conseguia achar o lenço. Por um momento, não
soube o que fazer. Então, focalizei a consciência no centro
crístico e, interiormente, afirmei: "Senhor, meu corpo está frio".
Imediatamente todo o suor desapareceu e meu corpo esfriou de
verdade! Portanto, é bom tentar depender mais da mente. Porém não se
pode negar totalmente o corpo; se o fizéssemos, não poderíamos
pensar, comer ou nos movimentar.
Há quem se interessa pela
supremacia da mente sobre o corpo só para garantir a saúde.
A saúde, porém, não é o
objetivo da vida. A comunhão com Deus é o objetivo da vida.
Você pode sentir-se bem por algum
tempo, mas chega uma hora em que tudo falha. Quem o ajudará, então?
Deus. O jejum é um dos grandes meios para aproximar-se de Deus:
liberta a força vital da escravidão ao alimento, mostrando que
é Deus quem realmente sustenta a vida no corpo.
Entretanto, assim que a mente
pensa: "comida", a tentação de satã desperta o desejo de comer.
Certa vez na Índia, quando era pequeno, estava resfriado e quis
comer tamarindo, considerado muito ruim para resfriados.
Minha irmã desaprovou
energicamente o desejo, mas como insisti muito, trouxe, de má
vontade, uma fruta. Peguei um pedaço, mastiguei-o e cuspi-o. Sem
engolir o tamarindo, satisfiz a vontade de sentir seu gosto. Dado
que ser humano em o hábito da gula com demasiada freqüência, é uma
desventura que Deus não nos tenha dado um corpo que permitisse
desfrutar o sentido do paladar, fazendo com que os alimentos
prejudiciais ou excessos perigosos se desviassem dos órgãos de
digestão e assimilação!
Autocontrole - O Caminho mais sensato para
saúde e a felicidade
A verdade é que autocontrole é o
único caminho para gozar de saúde e felicidade, além de ser o
mais sensato. Ser senhor de si mesmo e não ser dominado pelos
sentidos é uma das maiores bênçãos que se pode ter. Se há sobrecarga
de eletricidade em uma fiação, ela se queima. E toda vez
que você sobrecarrega o aparelho digestivo com comida demais, a
força vital se esgota. Quando se evita o excesso de comida e se
jejua, a força vital descansa e se recarrega.
Se o carro não funciona bem, você
o leva a uma oficina. Ele volta a funcionar por algum tempo, mas
logo outra coisa apresenta defeito e você manda o carro de volta
para o conserto. Deve-se fazer o mesmo com o corpo. Os efeitos
físicos do jejum são notáveis.
Um jejum de três dias com suco de
laranja recuperará o corpo temporariamente, mas um jejum prolongado
proporcionará uma revisão completa.
Seu corpo vai se sentir forte
como o aço. Contudo, se quiser um conserto permanente, deverá também
sempre observar o alimento que você ingere, bem como a quantidade
ingerida.
CONHEÇA O MODO CORRETO DE
JEJUAR
Devemos saber como jejuar. É por
isso que precisamos supervisão adequada para um jejum superior a
três dias.
O primeiro jejum que fazemos não
deve ser longo, pois nos sentiremos fracos. Um dia de jejum de
frutas, semanalmente, ou um jejum de três dias com suco de laranja,
mensalmente, são bons meios para habituar-se a jejuar.
Quem jejua deve estar mentalmente
preparado para lidar com pessoas que logo começarão a se compadecer
e dizer que ficará doente e morrerá se não se alimentar. É verdade
que, em um jejum prolongado, você poderá sentir-se fraco nos
primeiros dias, porque a força vital acostumou-se a depender
do alimento.
Mas gradualmente, com o passar
dos dias, você não sentirá mais fraqueza. Sua força
vital e seu espírito desligam-se do alimento. Você percebe que o
corpo é sustentado unicamente pela força vital.
Conheço o segredo de jejuar e não
perder peso. Estando sob o controle consciente, a força vital pode
ser usada para perder ou conservar o peso normal do corpo.
De um modo ou do outro, é eficaz.
Aplicando esse princípio, a temperatura normal do corpo não cai,
pouco importando a duração do jejum. Retirando energia do bulbo
radiquiano, a "boca de Deus",* a força vital começa a confiar cada
vez mais em seu poder regenerador inato, em vez de depender de
fontes externas.
Seres humanos em perfeito estado
de animação suspensa podem ficar enterrados por cinco mil anos ou
por toda a eternidade, permanecendo vivos. A vida é eterna e não
depende de respiração, de alimento, de água ou de luz solar.
Lembre-se sempre de que você é o Espírito Imperecível. É assim que
deve viver.
Nossa consciência sobrevive á
morte, mas o homem comum perde o senso de continuidade e pensa que
está morto. Todos morreremos um dia; assim, não adianta ter medo da
morte. Você não se sente angustiado ante a perspectiva de perder a
consciência do corpo ao dormir: você aceita o sono, aguardando-o
como um estado de liberdade.
Assim é a morte: um estado
de repouso uma aposentadoria desta vida. Não há nada a temer. Quando
a morte chegar, ria-se dela. A morte é apenas uma experiência,
por meio da qual você está destinado a aprender uma grande lição: a
de que não pode morrer. Por que esperar pela morte se pode perceber
isso agora? A primeira lição que você precisa aprender é a de que a
vida não depende do alimento. Com o jejum, você pode prová-lo para
você mesmo.
Funcionar bem em todas as
circunstâncias
Todos deveriam desenvolver o
poder mental, para poder funcionar bem em todas as circunstâncias
- dormindo ou não, comendo ou não, descansando ou não. A
regularidade, é admirável e necessária; precisamos ter o hábito da
regularidade, para obedecer às leis de Deus. É errado, porém
sentir-se mal por causa de um leve desvio desse hábito.
Todos os hábitos fundamentais de
uma criança formam-se entre 3 e 7 anos de idade. Um bom ambiente
ajudará a orientar seu desenvolvimento, mas é preciso um treinamento
especial para mudar (se for o caso) as tendências predominantes de
uma criança.
Em minha escola de Ranchi, na
Índia, eu dava aos meninos um treinamento físico rigoroso. Eles
jejuavam constantemente, dormiam sobre cobertores no chão e nunca
usavam travesseiros. Às vezes, meditavam durante horas.
Ajudar as crianças a
libertarem-se da tirania do corpo pela disciplina rígida, é
conceder-lhes uma bênção para o resto da vida. Um dos alunos
meditava doze horas, sem piscar os olhos. Se você tivesse esse
equilíbrio, seria muito mais feliz! Teria muito mais paz! O melhor
treinamento é a disciplina cientifica e equilibrada do corpo,
da mente e do espírito. E nela está o núcleo do jejum.
A ciência metafísica por trás
do jejum
Existe uma ciência metafísica
notável por trás do jejum. Jesus lembrou-nos esta verdade, quando
disse: "Nem só de pão viverá o homem (...)." Duas coisas nos mantêm
presos à terra: alento e alimento. Enquanto dorme, porém, você está
em paz, inconsciente da necessidade de respirar ou de alimentar-se;
seu espírito está desligado da consciência do corpo.
O jejum eleva a mente da mesma
maneira. Por meio do jejum, deixe que a mente dependa de seu próprio
poder. Quando esse poder se manifesta, a força vital do corpo é cada
vez mais reforçada pela energia interna eu flui continuamente para o
cérebro e para a coluna vertebral, proveniente da energia cósmica
que rodeia o corpo e que entra pelo bulbo radiquiano.
Tornando-se independente de
fontes físicas externas para o sustento corporal, a força
vital constata que está sendo sustentada internamente, e indaga-se
como isso acontece. A mente então diz:
"Os sólidos de que o corpo
dependia não passam de densas condensações de energia. Você é
energia pura. E é consciência pura", Então seja qual for a ordem que
a mente envia à consciência de força vital, esta obedecerá
fielmente.
Tudo pode ser feito pelo poder
mental. Eis por que Jesus pôde transformar pedras em pão. Portanto,
veja como é injusto, para a mente e para a onipotente força vital em
seu interior, afirmar que não pode viver sem alimento. Torne sua
vida e seu corpo impermeáveis ao sofrimento. Vença a você mesmo. No
jejum prolongado, perceberá que tudo é mente.
Toda força e todo objeto no
universo são produtos da Mente Divina, assim como todas as coisas
que percebe em sonho são criações de sua própria mente. Também
no plano consciente, se a mente criar o pensamento de que se
enfraquecerá por causa do jejum, ele se debilitará; ou, se você tem
jejuado e momentaneamente pensar que isto o está enfraquecendo, o
corpo realmente se sentirá fraco.
Entretanto, se decidir que
o corpo é forte, não sentirá qualquer fraqueza; ao contrário,
sentirá grande vigor. A maioria das pessoas desconhece isso porque
nunca experimentou.
A mente não revelará seus
milagres enquanto você não a fizer trabalhar. E não trabalhará
enquanto você continuar a depender cada vez mais de coisas
materiais.
É por isso que suas maravilhas
se escondem visão comum. Quando aprender, porém, a depender da
mente, por meio do jejum, ela funcionará em tudo, vencendo a doença,
criando prosperidade ou realizando a suprema meta da vida -
encontrar Deus.
Paramahansa Yogananda
do livro - A ETERNA BUSCA DO HOMEM
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Jejuar
está na moda, mas faz bem?
Condenado pelos médicos e nutricionistas, o
jejum tem se tornado popular para limpar o corpo e acalmar a mente.
A apresentadora Glória Maria diz
que se desespera durante seus períodos de jejum. Três vezes ao ano,
ela reserva dez dias para ingerir apenas pílulas com nutrientes,
xaropes naturais e chás. Comida mesmo, aquela de encher os olhos, é
rigorosamente proibida. Mas o desespero relatado por ela não vem da
privação. “Eu me sinto tão bem durante o jejum que fico angustiada
quando está para acabar”, diz.
Glória não está sozinha em sua
opção pela fome autoimposta. Como ela, um grupo cada vez maior de
pessoas, no mundo todo, está descobrindo os prazeres e benefícios de
fechar a boca durante alguns dias. É o jejum laico. Em vez de
almejar o êxtase espiritual ou o perdão divino, ele promete uma
espécie de pureza que tem afinidade com o universo místico, mas se
expressa na linguagem das dietas e dos processos metabólicos. “O
jejum funciona como uma desintoxicação: limpa meu organismo de
impurezas para me manter saudável. Tenho mais vontade de trabalhar e
meu humor melhora”, diz Glória.
Condenado por médicos e
nutricionistas, o jejum está ganhando respaldo até de estudos
científicos.
As pesquisas sugerem que jejuar
diminui os riscos de doenças cardiovasculares, como diabetes e
hipertensão. E pode até prolongar a vida. Para os praticantes, a
abstinência alimentar é também um grito de liberdade. Eles deixam de
viver em função do relógio (afinal, as refeições acabam ditando o
ritmo do dia). Prestam mais atenção nos pensamentos do que no
estômago. Voltam-se para si.
SÓ ÁGUA
O ator Licurgo Spinola, de 44 anos, e a professora de ioga Mariana
Maya, passam todos os meses, três dias apenas bebendo água, para
relaxar a mente. Só tomam água, quase 5 litros por dia.
“Desvencilhar-se de situações mundanas, como o horário das
refeições, é uma lavagem espiritual”, diz Spinola, que aderiu à
prática há três anos, depois de ler a biografia de Mahatma Gandhi.
Spinola diz ter descoberto que o líder indiano, que fez do jejum uma
arma política, também usava a prática para curar gripes e
resfriados.
Velho como a própria fome, o
jejum faz parte do cotidiano de muitas religiões. Os católicos não
comem carne vermelha na Sexta-Feira Santa. Os judeus se abstêm de
comer seis dias por ano. Os muçulmanos jejuam da alvorada ao
anoitecer durante todo o mês do ramadã, o nono mês do calendário
islâmico. É uma forma de intensificar a reflexão e a concentração
nas orações e de se sacrificar pelo perdão dos pecados. É também uma
maneira tradicional de demonstrar devoção.
Os adeptos da nova vertente de
jejum, porém, subverteram a prática histórica de oferenda e
sacrifício, sem eliminar seu caráter de purificação. Apenas a
divindade se tornou interior. “Em meio ao cotidiano caótico, mostrar
que somos capazes de controlar nossa vida em pelo menos um aspecto é
a maneira de criar uma ilha de segurança”, diz o psicanalista
Christian Dunker, professor da Universidade de São Paulo.
Ter poder sobre uma necessidade
imposta pela natureza é a primeira recompensa dos jejuadores. Ele se
manifesta já nas primeiras horas de jejum, quando os praticantes
descobrem a diferença entre fome e vontade de comer (e quão
inebriante é o cheirinho de qualquer prato de comida). “Percebo que
não preciso comer naquele momento, que é só gula”, diz Spinola.
O QUE ACONTECE COM O CORPO?
O corpo manifesta fome duas ou três horas após a última
refeição. Nesse momento, já foi usado todo o estoque de glicose, o
combustível básico das células, obtido a partir da quebra de
carboidratos. Como o organismo precisa de energia, lança mão de
reservas: moléculas complexas guardadas no fígado, o glicogênio.
Quando até ele acaba, a opção são as gorduras. O processo de queima
de gordura gera substâncias chamadas corpos cetônicos. Eles ajudam a
inibir a sensação de fome, mas produzem aquele hálito característico
de estômago vazio. Os praticantes juram que essa é a única
desvantagem. “Eu fico menos ansiosa”, diz a professora de ioga
Mariana Maya, de 43 anos. Ela diz que começou a fazer jejum porque
se sentia irritada sem motivo. Resolveu passar por um sacrifício. E
descobriu que ele lhe fazia bem.
“Sinto uma paz que nunca havia
experimentado. A mente fica mais leve”, diz Mariana, que jejua desde
2006, pelo menos duas vezes por ano. São três dias à base de água.
“O jejum me dá equilíbrio físico e mental.”
Os benefícios da prática já
são usados com fins medicinais.
Na Alemanha, há pelo menos 11
clínicas que usam o jejum para tratar males que vão de doenças de
pele a estresse. Uma das mais famosas fica na cidade de Bad Pyrmont
e é mantida pela família do médico Otto Buchinger. Ele teria se
curado de reumatismo em 1919 depois de manter uma dieta
exclusivamente de sopas e tornou-se o guru do “jejum terapêutico”.
“Enquanto jejua, o paciente
melhora sua saúde, mas ele terá negligenciado a coisa mais
importante se a fome de alimento espiritual, que se manifesta
durante o jejum, não for satisfeita”, ele escreveu. Hoje, quem cuida
da clínica, que recebe 1.500 pacientes por ano, é Andreas, neto de
Buchinger.
“O jejum aprimora o funcionamento
do corpo”, diz ele. O tratamento completo dura 21 dias (para quem
sofre de reumatismo são 28 dias). Quando o paciente chega, são
feitos exames de sangue e eletrocardiograma. Depois, médicos
preparam um cardápio personalizado. O primeiro dia costuma ser dos
vegetais. No dia seguinte, é a vez das frutas, seguidas pelo dia do
laxante. O jejum começa depois de os intestinos ficarem vazios. Daí
para a frente, só se podem ingerir água, caldo de vegetais, suco e
chá.
A ciência já se interessou pelas
supostas propriedades curativas e purificadoras do jejum (leia o
quadro abaixo). O neurocientista americano Mark Mattson, coordenador
do Laboratório de Neurociências do Instituto Nacional de
Envelhecimento, é uma das principais referências nessa área. Ele
quer desvendar as razões de um fato conhecido há décadas pela
ciência. Uma dieta com poucas calorias ou com jejuns periódicos (em
que o paciente toma apenas água) parece aumentar em até 40% a
duração da vida.
Para Mattson, não há nada de
estranho nisso. “O genoma humano adquiriu a capacidade de sobreviver
a semanas sem comida porque nossos ancestrais primatas viviam em
locais onde o alimento era escasso”, diz Mattson. “Nós nos damos ao
luxo de fazer três refeições ao dia há menos de 10 mil anos, algo
recente em termos evolutivos.”
Por que jejuar faz bem a
saúde?
O que dizem as pesquisas cientificas que defendem a
abstinência alimentar?
Retarda o envelhecimento
A transformação do alimento em energia gera compostos dentro
das Células, os radicais livres. Eles se ligam ao DNA e causam erros
de funcionamento que levam a doenças. O jejum reduz os radicais
livres
Reduz a pressão
Em animais e humanos submetidos a jejuns periódicos, a atividade
do sistema nervoso simpático. que controla a pressão arterial, é
reduzida. Após exercícios Físicos, ela também volta mais rápido aos
índices normais.
Queima gordura
O jejum aumenta a produção do hormônio do crescimento. Ele
estimularia o corpo a queimar depósitos de gordura na ausência de
glicose. em vez de usar as reservas acumuladas nos músculos. No
estudo
com 30 pacientes em jejum durante 24 horas. o nível de hormônio do
crescimento aumentou 20 vezes nos homens e 13 vezes nas mulheres.
Reduz o colesterol
Entre religiosos que jejuam uma vez por mês. o risco de
desenvolver doenças cardiovasculares é 58% menor porque a
abstinência reduz os níveis de colesterol.
Apura o Paladar
0 jejum aumenta a sensibilidade das papilas gustativas a sabores
doces e salgados
Em um de seus estudos mais
famosos, publicado em 2003 no jornal da Academia Nacional de
Ciências dos Estados Unidos, Mattson e sua equipe mostraram que
ratos de laboratório submetidos a períodos regulares de jejum
(comiam 10% menos do que os outros) eram mais saudáveis e se
recuperavam melhor de danos no cérebro. Mattson acredita que o jejum
tem um efeito protetor sobre as células. Primeiro, porque diminuir a
ingestão de alimentos reduz a produção de moléculas residuais que
podem se ligar ao DNA e causar erros de funcionamento (doenças).
Outra hipótese para explicar o
efeito protetor é a célula entrar em modo de emergência na falta de
alimento. Ela se prepararia para situações adversas produzindo
proteínas. “Essa defesa seria ativada em células do cérebro, do
coração, dos músculos e do fígado”, diz ele.
Um grupo de pesquisadores do
Instituto do Coração do Centro Médico Intermountain, em Utah, nos
Estados Unidos, já teria constatado o reflexo desse efeito protetor
sobre seres humanos. Em abril, eles apresentaram um estudo que
sugere que jejuar pelo menos uma vez por mês diminui em 58% os
riscos de doença nas artérias coronárias, que irrigam o coração.
Segundo o cardiologista Benjamin
D. Horne, responsável pelo levantamento, os efeitos são resultado da
diminuição dos níveis de gordura no sangue. Ele diz acreditar que um
dia o jejum periódico ainda será recomendado como tratamento para
prevenir doenças coronarianas e o diabetes.
No Brasil, não há entidade médica
que recomende jejum como dieta ou tratamento de doenças. “A ideia de
purificação do organismo pela fome, é errada”, diz Cukier. “Não
precisamos de medidas drásticas porque já eliminamos os excessos no
dia a dia.” Apesar das pesquisas que tentam explicar como o
organismo reage à privação de alimentos – e como isso pode ser bom
para a saúde –, ainda vai demorar anos para que a ciência chegue a
alguma espécie de consenso. Por ora, prestar atenção às quantidades
e à qualidade do que ingerimos parece ser a melhor maneira de manter
o organismo em equilíbrio.
Reportagem da Revista Época
Luíza Karam - 22/05/2011